quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Pensamentos soltos


Estou deitado. Ouço as gotas da chuva cair sobre as janelas da varanda. Varanda essa que pertence a uma casa que me é desconhecida, alheia ao meu ninho habitual. Sinto-me um hóspede, adormeço numa cama pequena com os pés de fora. A minha roupa encontra-se espalhada ordenadamente em cima da outra cama do quarto onde estou. Passo o tempo a olhar desenfreadamente para o relógio do rádio.
00:30h.
As minhas pálpebras apressam-se a fechar, as minhas pernas pulsam o cansaço do dia, a minha cabeça examina e reinventa provocando uma constante presença incomodativa, como uma forte enxaqueca. Conto os dias nem sei bem com que sentido, olho ao meu redor e nada me consola, apenas a chuva. A chuva que na sua solidão liberta-se e recai sobre tudo sem remorsos… apenas água, partículas transparentes de uma substância que nos enche o corpo e nos limpa as impurezas entranhadas. A chuva faz-me companhia, converso com ela, a reflexão é inata.
Lembro-me de ti e de muito mais. Mas hoje fazes anos, por isso é especial. Momentos passados que me proporcionaram recordações infinitas. Olhares trocados que nem era preciso expressar para compreendermos. Palavras de conforto, harmonia, compaixão, apoio. Tudo isso.
Ai as amizades, tão fortes e tão fracas. Construções de tijolo ou de papel? Eu tento usar sempre o tijolo mas por vezes trocam-me o material. Há circunstâncias que mudam tudo, existem momentos que alteram de imediato o comportamento da pessoa mesmo sendo baseado em factos irreais e falsos. Deixei de me importar com isso. Se querem a minha amizade têm que acreditar em mim. A confiança é o alicerce da amizade, sem ele a construção fica vulnerável. Doi quando sinto que não confiam em mim e não têm razões para isso, magoa, faz ferida.
A chuva cai com mais intensidade, o embate torna-se mais forte e repetitivo. As portas da varanda vibram devido à passagem de um veículo pesado na rua. Olho ao meu redor. Vejo-me no meio de um arrastar de desejos por concretizar. Não estou cansado de lutar nem me resignei, apenas optei por não me preocupar tanto. Os meus sentidos estão reduzidos, a minha pele emana um calor gripal, sinto o meu corpo em estado de hibernação. Não quero perder nada do que já ganhei até hoje, quero manter-me fiel a mim mesmo. Preciso de elevar a minha auto-estima, estimular o meu ser. A minha mente move-se num turbilhão de palavras com significados ilícitos e propícios à incompreensão momentânea.
A chuva começa a parar, apenas se ouve algumas gotas cair esporadicamente. Olho novamente para o relógio.
01:06h.
Hoje não me apetece sonhar.
Apenas fechar os olhos e dormir.
o

3 comentários:

Tiago Soares disse...

Bom que bem! Tens escrito tanto que é difícil acompanhar-te com comentários, mas este tive mesmo de comentar porque está excelente! Identifiquei-me com algumas das sensações que descreves (pricipalmente quanto à chuva e aquela sensação de não querer esquecer aquilo que já aprendemos e queremos ser).

Continua a dar-lhe com a alma...e a mente!

Parabens à Inês (sorridente como sempre na foto contigo).

Fica bem Sá!

Anónimo disse...

n sei se estás longe de casa ou n, mas tb tenho essa sensaçao ás xs :) anima-te k tudo vai correr melhor amanha
P.S: i love to fall asleep listening the rain falling down

César disse...

Não estou longe, mas é como se estivesse...Aliás, a maior parte das vezes sinto que ainda nao encontrei a minha casa...

abraços e obrigado pelas visitas ;)

hugs