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O assunto proibido: A Morte.
Não a conheço mas já estive em contacto com ela.
Nunca a vi, mas já presenciei a sua acção.
É simples mas nunca tem hora marcada.
A morte tem o seu poder, não permite dúvidas, é real, dura, egoísta. Nunca se está verdadeiramente preparado para a morte. Gostamos de pensar que sim, mas quando ela ronda à nossa volta constantemente, isso deixa-nos tristes, muitas vezes depressivos, rancorosos, e por vezes nunca recuperamos dessa rasteira que a morte nos prega.
A Morte. Palavra tenebrosa, nada vulgar, potente. Sim, a morte é importante porque é ela que nos faz pensar, optar, mover. O que queremos para cada um de nós? Uma vida fútil ou uma vida útil? É a morte que nos transmite os limites. Sinto falta das pessoas que eram importantes para mim mas que já partiram. Sim, partiram numa viagem sem retorno, em que a chegada é à escolha dessa pessoa. No entanto, sinto as suas presenças, a acompanharem-me, a observarem o meu percurso.
A vontade desenfreada de libertar as lágrimas sentidas é tanta que a respiração torna-se sufocante, é como se parte de nós morresse ali mesmo, naquele preciso instante onde o tudo e o nada se cruzam mas não se cumprimentam.
Porquê falar da morte? Porque mais uma vez, ela decidiu aparecer e levar algo. Eu sinto a morte, sinto quando está perto, inconscientemente ou não, sinto-a. O meu corpo contrai-se, depois relaxa, deixa-se absorver pelos pensamentos aleatórios até à altura em que cai na realidade e presenteia-me com uma sensação estranha de presença e de vontade.
Senti vontade de dizer que ao teu lado eu sinto-me 100% eu, e tu gostas de mim tal como eu sou, que te adoro duma forma quase

impossível e que a minha vida vai ser passada ao teu lado como amigos, primos, confidentes, únicos. Senti necessidade de te dizer que tu és a minha pessoa.
E neste momento que precisas de mim, eu estou do teu lado, dou-te a mão e fico calado.
Já passámos por isto juntos mais que uma vez, também me deste a mão e ficaste calada quando precisei, ouviste-me a soluçar, viste as minhas lágrimas de desespero, confortaste-me, por isso agora sou eu a aconchegar-te, a pegar em ti, e a mostrar-te que as memórias são o bem mais precioso que podemos guardar.
A morte… traiçoeira e sempre incógnita.
Prefiro chamar-lhe “passagem de transição”.
A vida não pode ser assim tão curta…
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